“Surreal é a própria vida” é uma série de desenhos baseados em fotografias reais que fazem parte do meu quotidiano. Tenho numa caixa, dezenas de fotografias que vou roubando em pequenas porções sempre que visito os meus avós, e pais, e tios, e... Muitas delas já possuem por si só um carácter surrealista fortíssimo ao qual me limito a adicionar uma linguagem comum baseada no que acontece na minha vida actual - mais olhos para ver mais, muito maiores para ver melhor - mantêm-se os fundos monocromáticos e os interiores obscurecidos e surge uma nova janela que aponta para o nascer do sol. Por vezes exagero noutros aspectos, mas a natureza da maioria destes desenhos toma realmente raiz na real surrealidade dos retratos. Mais uma vez proponho um leque de realidades a lápis de cor e grafite sobre papel, no qual a verdade e a mentira andam de mãos dadas, trocam de perucas e se beijam na boca. Ambas deixam de ter limites e culminam numa massa incongruente de crianças estranhas, acompanhadas por adultos ou situações igualmente estranhas. A maioria destas imagens é referente à minha infância, que por sua vez é referente aos anos noventa do século passado – ou seja - comemorações em família, crianças desdentadas, Furbys, maquilhagem e travestis.